quinta-feira, julho 06, 2006

12 de Janeiro, 2002


12 de Janeiro de 2002 (23:45)

Aqui sentada imagino que o Tempo passa.
Posso até ouvir as articulações dos membros do ancião do universo...cansadas, enfraquecidas pela microscópica presença de um mundo povoado.
Esses seres que inventaram o relógio... como se sentirá o Tempo? Rodando ao ritmo de todos os segundos de todos os relógios do mundo? Não me admira que esteja cansado e dilacerado em tais engrenagens!

Não pode parar...se parar cai num abismo sem fim!

NS



"Cronos, devorando um dos seus filhos" (Goya)

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9 de Abril, 2002


9 de Abril de 2002 (23:00)

(No meu quarto, ouvindo exactamente "lost in a roman wilderness of pain/ and all the children are insane")

[ reflexões sobre a natureza caótica do mundo, sobre deus e sobre a ciência, etc...]

Imagine-se... um planeta, um berlinde no meio de um universo infinito...
A humanidade...um pó palpitante e irritante a cobrir a sua superfície esférica...
Um alarido... digno para a inspiração de Dante...
Mas que importância se atribui a si próprio um átomo efusivo... será porque com a sua irreverência tenha sido capaz de assombrar toda a história do universo?
Desde o Big-Bang?
Até, pateticamente, ao Big-Crash?
Tudo pela Omnipotência... há que tornar-se "deus"...

NS

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2 de Junho, 2002

2 de Junho de 2002 (22:00)

O meu cérebro, agora, ou antes do agora, assemelhava-se a uma visão vertiginosa do universo...

Mais calma - por me ter situado - repouso nesta folha, apoiada na bengala que o meu lápis representa... e com esse pau vou fazendo riscos na areia... com a ponta do guarda-chuva também.

Já não posso parar de pensar... o génio saltita ingenuamente, provocando um estranho alarido na minha mente...

A criança, por vezes, lembra-se de mim e pregunta-me: Quando é que vamos brincar aos sonhos? Essa criança é uma vaga lembrança que me perturba incansável como o ruído tempestuoso de um rápido.

.......................... Break ...................... on .................... Through .......................

..............to.................the .............................other.......................side...............................................

Sinto, nos meus pés, o gemido das folhas velhas...será a floresta?
Escuridão, não vejo nada... apenas sinto o estalar de cadáveres em decomposição sob os meus pés... estranhos veludos, fluídos viscosos... animais que ainda palpitam, mas ofegantes.

O que aconteceu neste lugar?
Quem ousou cometer este crime?
Mas porquê eu...aqui!

No meu bolso, uma flor vermelha.
Seja uma papoila.
Diz-me: quem fez isto?

A sua luz não me respondeu e deixou-me de novo na escuridão.

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6 de Julho, 2006


PIMPF... derruba-se o silêncio!

Passos, lentos....ouço passos em direcção à porta do meu quarto. Ouço-os até que a porta cai e os passos entram:

- Chegas-te, finalmente... a nova vaga - digo para mim...

Fico estática, com o olhar pregado no tecto, suspenso como um candeeiro que pretende o parodoxo de ser iluminado.

Penso sobre o pensamento.
Curativo o acto de pensar.
A cicatriz: uma frase ambígua, uma vida ambígua como todas as vividas no campo semântico da história universal...

O penso permaneceu muito tempo colado a mim, impedindo as palavras de se soltarem como sangue e de se imprimirem no mapa onde se desenham vidas com um fio de tinta azul...

Durante o período curativo do penso a presença da música foi a tão querida morfina que me manteve cativa em catedrais onde todo o som se torna magnificiente... porém, desesperantes se tornavam os ecos que rebolavam nas paredes deste cérebro ancestral...

Fluxos vitais haviam sido reprimidos, apenas sons escapavam entre as lacunas abertas de propósito para que a ferida pudesse respirar calmamente...

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